sábado, 14 de abril de 2012

Santo André (quinta de baixo) e Roca

SANTO ANDRÉ (QUINTA DE BAIXO)

"Lembra o meu irmão Afonso que, quando nos dirigíamos a Santo André, a cavalo, e ultrapassávamos em uma ou duas centenas de metros o cruzamento de Valverde e iniciávamos a descida, ouvia o nosso Pai dizer: "entramos no Céu"."
(António Guilherme de Moraes Machado, in "Referências", João Azevedo Editor, 2001).

A pretexto de ir apanhar uma salada de cuncos, o amigo Zé Joaquim desencaminhou-me para dar um salto a Santo André e à Roca. Já tinha saudades de uma reportagem no terreno. E, não obstante a chuva intermitente, foi uma viagem mágica a dois sítios onde nunca tinha estado: a quinta de baixo e a Roca (já tinha ido a Santo André, mas tinha-me ficado pela quinta de cima, por ignorar a existência da outra).
A bela prosa do Dr. António Guilherme já me tinha seduzido para o local. Mas, sentir a paz e comungar com a beleza esmagadora que o sítio proporciona é algo que só vivenciando se tange.

Timidamente dissimulada na paisagem envolvente, a quinta de baixo situa-se em local privilegiado, convidando o circunstante a uma breve viagem ao passado recente.
Pormenor delicioso, que deixa a entender que aquela pedra já ornou edifício mais faustoso.
Ruas ermas que nos remetem novamente para a obra do Dr. Machado: "Santo André, chegaste ao fundo. Quem irá recuperar-te?" (idem).

ROCA

Terminada a breve visita a Santo André, demandámos a Roca. Enquanto percorríamos o caminho vicinal, íamos deliciando a vista com a magnífica paisagem que nos proporciona o vale do Sabor. Subitamente, descortinámos uma pequena praia lá ao fundo, antes da imponente ponte que liga Meirinhos ao Sardão. Que vontade de lá ir! Mas o tempo escasseava e a chuva incomodava. Seguimos viagem, e, ao virar da curva, eis que surge o vetusto e arruinado casario...
Mais ruínas, mais beleza, mais história.
Apetece ficar por ali. Cumprimentar os vizinhos do alto da balaustrada do alpendre. Confidenciar expectativas para a próxima colheita de azeitona...
O Zé, embevecido com as vistas.
Beleza escondida, trilhos selvagens, um poço que espreita por entre as silvas densas. Silêncio...
Até qualquer dia...

Fotos: Antero Neto.

Uma palavra final de agradecimento ao Zé Freitas, pela cedência da "catrela", que tornou possível a expedição até à Roca.