sábado, 29 de abril de 2017

Reabertura da Linha do Sabor

Fala-se agora muito no aproveitamento do canal da Linha do Sabor para a construção de uma "ecopista". Em minha opinião, trata-se de um erro monumental em que estão a incorrer os autarcas dos municípios abrangidos. A luta deveria ser desenvolvida no sentido da reabertura da linha ferroviária que, devidamente articulada com a massiva vaga turística que enche as ruas da cidade do Porto e que depois sobe o rio Douro até ao Pocinho, poderia constituir uma verdadeira mais valia para a nossa região e um clique definitivo no arranque do aproveitamento das potencialidades turísticas que temos.
Desconheço os números que estarão envolvidos na "ecopista", mas ouço falar em milhões. Desperdício puro e ilusão de óptica. A nossa zona está cheia de "ecopistas", consubstanciadas nos belos caminhos rurais que temos um pouco por todo o lado.
Mas, falando de números em matéria de reconstrução e melhoramento da ferrovia da Linha do Sabor, permito-me chamar aqui à colação o precioso estudo levado a cabo pelo Dr. Daniel Conde, gestor de empresas que trabalhou no ramo ferroviário e que conhece a questão como poucos. No livro intitulado "A Linha do Vale do Sabor, um caminho-de-ferro raiano do Pocinho a Zamora" (Lema d'Origem, 2016), entre as páginas 235 e 282, o referido autor publica um trabalho onde disseca todas as vertentes (custos, vantagens, etc) desta putativa reabilitação/melhoramento do canal ferroviário. Sem pretender ser exaustivo, aqui ficam só os números finais:
- custo final estimado da totalidade da obra: € 43.296.945,57;
- comparticipação do Estado português: € 6.494.541,84.
Ou seja, o Estado gastaria cerca de seis milhões e meio de euros com a recuperação da Linha férrea...
Resta saber os milhões que irão ser gastos nesta inutilidade da ecopista, e o que é que ela irá trazer para a região...